Entrevista ao Dirigente: Moura Távora

05-04-2012 14:44

 

CAD - Que balanço fazes destes anos ligado ao Basquete?

MT - O Balanço de dezoito anos ligados ao Basquete é francamente positivo, não só pelos resultados obtidos em todas as áreas que por razão directa os determinaram, como pela oportunidade de cidadania pessoal que me proporcionaram ao conhecer e trabalhar com inúmeras e interessantes pessoas.

CAD - Quais os aspectos positivos e negativos?

MT - Em dezoito anos muito acontece de bom e menos bom, de forma geral muitos foram os momentos de orgulho e alegria proporcionados, indiscutivelmente superiores aos de agruras e tristezas que igualmente se registaram, mas todos eles foram superiormente vividos através de uma Relação Humana e familiar existente em todo o colectivo, que sem qualquer dúvida deve ser considerada a par de todos os êxitos desportivos e sociais alcançados como o que de mais positivo se registou em todo o nosso projecto desportivo.

De forma negativa sem dúvida a perda do nosso “VELHINHO PAVILHÃO”, não por qualquer saudosismo, mas porque aquele significa tudo o que soubemos e fomos capazes de construir, mas também tudo aquilo que querendo não nos deixaram ou permitiram fazer, levando-nos hoje mais do que nunca a não derramar uma lágrima que seja pela sua perda, mas antes, potenciar com todo o nosso ORGULHO e satisfação tudo o que nele edificámos, um VERDADEIRO PROJECTO DESPORTIVO REPLETO DE UMA SALUTAR INTERACÇÃO HUMANA.

CAD - Qual a tua opinião acerca do estado atual do basquete regional e nacional?

MT - Por natureza e experiência que tenho na modalidade não me revejo em muitas situações de que a mesma, no meu entender, padece de reflexão urgente. Seria injusto se afirmasse que o Basquete de hoje globalmente está pior do que quando para ele entrei. É certo que existem mais clubes e praticantes, mas também não menos certo é que nos aspectos organizativo, disciplinar e competitivo muito ainda há a fazer. Considero que para isso muito contribuem as actuais equipas de direcção do basquetebol, tanto ao nível associativo como federativo, muitas delas assentes e dominadas por princípios e formas de ser e estar no desporto caducos e ultrapassados no tempo, viciadas pelos longos anos de permanência em cargos de direcção e decisão, acompanhadas de uma grande, para não dizer em muitos aspectos, total desligação ao Basquete real, àquele que corajosamente vai sendo assumido pelos maiores agentes da modalidade, os CLUBES.

CAD - Tens alguma opinião formada sobre o que deve ser alterado para melhorar a qualidade competitiva da modalidade?

MT - Os quadros competitivos deviam ser objecto de análise e estudo e em muitos casos revistos, mas sempre com a participação isenta e activa de todos os clubes, o que nem sempre acontece. As regras federativamente impostas em muitos casos deviam igualmente merecer reflexão global de forma a tentar minimizar custos e efeitos secundários sobre os demais agentes desportivos, que em muitos casos se vêem privados da razão e do direito de defesa.

CAD - Qual o pavilhão que mais te impressionou até hoje?

MT - Sem dúvida que aquele “velhinho” pavilhão, aquele que em tempos idos existiu ali para os lados da Rua General Humberto Delgado, ao Calhabé, em Coimbra, de tijolo vermelho desnudado, muito inacabado, de tecto fracturado e desleixado no tempo, amplo de espaço e de cimento manchado, um cenário descrente e desmobilizador para muitos que pelo desporto vão permanecendo, mas igualmente encorajador e acolhedor para todos quantos em bom momento aderiram ao projecto CAD-Coimbra Basquete, o Pavilhão ex-PT.

CAD - Saindo do campo desportivo, conta-nos um pouco mais sobre ti. Qual a outra faceta do Moura Távora ainda desconhecida de todos que acompanhamos o basquete?

MT - Unicamente mais um entre os muitos cidadãos, cinquentenário por existência, de signo Câncer, Fiel aos seus princípios de vida como a cidadania e a disponibilidade social, defensor incondicional da Relação Humana e de novas amizades, sem dúvida um viciado na conversação, mas também um adepto do fenómeno desportivo, e um apaixonado confesso pelas coisas e verdades da vida.

CAD - Um desejo pessoal?

MT - Por ser pessoal, permitam-me que não o reparta

CAD - Um sonho?

MT - Mais do que nunca a nova casa para o meu clube de eleição, o CAD-Coimbra Basquete.

CAD - Uma viagem de sonho?

MT - São várias as idealizadas e projectadas, não para tirar fotografias ou dizer, há já lá estive, mas principalmente para aumentar a experiência e conhecimento de outras realidades.

CAD - Quais julgas serem as tuas principais qualidades?

MT - Alguém que o diga, decididamente não sou bom juiz em causa própria.

CAD - E principais defeitos?

MT - Teimoso até á exaustão

CAD - O que fazes além do Basquete. Hobbies preferidos ou outras atividades?

MT - Sou um adepto de tudo quanto é História, por isso mesmo o meu principal hobby é o modelismo e a construção em pedra e madeira de monumentos e outros. Sou ainda praticante da modalidade de Slot’s a qual pratico na secção de Slot’s do CAD-Coimbra Basquete.

CAD - O CAD é exemplo de uma boa prática, no entanto ao fim de tantos anos também ligado ao Minibasquete quais são em tua opinião as maiores dificuldades para por o minibásquete a funcionar num clube?

MT - O ter estado ligado desde sempre ao Minibasquete foi em primeiro lugar uma experiência memorável, que só poderá ser compreendida por quem já teve o privilégio de a viver. Será difícil para todos os que nela colaboraram exprimir o sentimento e a experiência ali vividos, restando-lhes como eu perpetuar nas suas memórias a satisfação de tal participação.

Na realidade as dificuldades são inúmeras, desde a captação cada vez mais difícil de concretizar devido ao enorme conjunto de opções que hoje são colocadas á juventude, passando pela dificuldade em encontrar espaços e horários disponíveis para a sua prática até á por vezes incompreensão dos encarregados de educação em não darem tempo e oportunidade a que os seus jovens atletas evoluam de forma calma e serena no plano desportivo.

Mas o mais importante é continuar-se a desenvolver o Minibasquete através de uma maior e mais activa participação dos jovens, criando mais espaços para a sua prática, encontrando novas soluções com os corpos técnicos de forma a que a sua prática se torne cada vez mais apelativa, assumindo toda a comunidade basquetebolista uma responsabilidade em creditar tudo o que de melhor seja necessário para a evolução do Minibasquetebol.

CAD - O que mais desejas para o teu jovem Clube?

MT - Sem dúvida e com total prioridade a sua nova casa, o novo pavilhão, inteiramente merecido e justificado, única forma de continuar a aglutinar toda a família CAD. Depois, uma maior interacção humana, sinónima de união mas também de identificação com a cor e os princípios do clube, e por último que todos as instituições sociais e desportivas com quem nos relacionamos assumam e cumpram por inteiro a sua palavra e compromissos que em variados momentos e situações se responsabilizaram em efectivar perante o CAD-Coimbra Basquete.

CAD - Uma palavra para todos os teus colaboradores, atletas, treinadores, sócios, encarregados de educação e amigos do CAD Ass. Coimbra basquete. Que balanço fazes destas duas épocas do CAD?

MT - Dificilmente encontrarei melhor expressão para adjectivar todos aqueles que comigo aceitaram o desafio de tornar realidade o SONHO chamado de CAD Coimbra Basquete de que Heróis. Conseguir-se proporcionar a um conjunto alargado de jovens uma vivência desportiva e humana harmoniosa como o que se vem conseguindo é já por si um acto de heroísmo. Se a isso adicionarmos todas vicissitudes que ao clube têm sido impostas, o gosto que todos exprimem pela modalidade, pelo clube e a partilha em estar entre si, nos tempos que correm essa heroicidade é ainda maior, mas se a isso juntarmos toda a vontade existente de olharmos o futuro no mesmo sentido, através daquele sentimento que vem de dentro de nós CADISTAS, decerto que no amanhã para além dos heróis de hoje seremos decididamente grandes VENCEDORES.

Pessoalmente é no mínimo gratificante tantos momentos que me vêm proporcionando, não pelas alegrias já alcançadas nos dois anos de existência do Clube, em que continuamos a fazer história no basquete distrital, mas por toda a onda de magia, de trabalho e disponibilidade que todos têm demonstrado justificando toda a nossa vontade e querer de no futuro reforçarmos ainda mais os laços que fomos capazes de criar ao longo dos anos e que se impõem continuar mais fortes no FUTURO.

 

De tudo o que soubemos construir durante estes dois anos de existência, fica muito de experiência, muitos traços de vivência mas sobretudo muitas memórias. Julgo estarmos mais felizes.

 

Um Abraço para todos os CADISTAS

Moura Távora

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