Entrevista a SOFIA PEREIRA

16-06-2012 15:12

Entrevista a: SOFIA PEREIRA

  1. Como começou a tua relação com o Basquetebol?

R- A minha relação com o Basquetebol começou aos 10 anos como atleta de minibasquete no Anadia Futebol Clube.

  1. Faz-nos uma pequena resenha do teu percurso no Basquetebol? Como começou a tua carreira de treinadora, e o que te motivou a seguir esse caminho?

R- Como referi, iniciei o meu percurso no basquetebol como atleta de minibasquete no Anadia Futebol Clube, onde joguei até ao segundo ano de sénior. Depois de um interregno de três anos, voltei a jogar mas desta vez com a camisola da Académica. Como treinadora tive a minha primeira experiência também no Anadia, aos 17 anos, quando me convidaram para colaborar no minibasquete. No interregno como atleta, fui treinadora durante duas épocas no Olivais. No ano de 2001 quando encerrei a minha “carreira” como atleta, decidi abandonar o basquetebol e dedicar-me a outro tipo de atividades desportivas. Sempre disse que apenas regressaria ao basquetebol se tivesse a oportunidade de “pegar” numa equipa de minibasquete e acompanhá-la durante alguns anos. Em 2003 surgiu essa oportunidade e entrei na Académica como treinadora de mini 10. Mantive-me no clube durante 5 anos onde, para além de coordenar o minibasquete, treinei sempre a mesma equipa. Nos anos seguintes, fui seleccionadora distrital de sub14 femininos, regressei por uma época ao Olivais, até que recebi o convite para treinar no CAD. Apesar deste ano estar a gostar bastante de trabalhar no escalão de sub19 femininos, que corresponde à reta final da formação, o que me motiva a continuar este caminho é o prazer de ensinar, de incutir aos atletas o gosto pela modalidade e contribuir para a sua formação como atletas e seres humanos.

  1. Em primeiro lugar, temos de te dar os parabéns pela fantástica época passada e pela actual efectuadas pelas tuas equipas do CAD. Quais foram/são as maiores dificuldades que enfrentas ao longo da época?

R- Em ambas as épocas a maioria dificuldade sentida tem a ver com o reduzido número de jogadoras em cada uma delas. Por esta razão, decidiu-se que as equipas treinavam em conjunto. Assim, durante a semana tenho a difícil tarefa de programar treinos para 18 atletas, num campo de apenas 2 tabelas, e chego ao fim de semana, como este que se aproxima, em que tenho 7/8 atletas por jogo. Esta é outra das dificuldades. O número não seria tão reduzido se os pais entendem-se a importância que cada atleta tem na equipa….

  1. As tuas equipas são muito unidas. Qual é o segredo para a mística que existe nas tuas equipas?

R- A união das equipas não se deve apenas ao meu trabalho. É verdade que é um aspeto que me preocupa e que procuro trabalhar, pois considero a união de uma equipa um importante fator para a conquista de objetivos. Mas é claro que não exijo que sejam todas amigas fora de campo. Procuro incutir-lhes valores como a amizade, companheirismo e solidariedade dentro do campo. Se isso transpuser as linhas do campo, melhor ainda. Fiz grandes amizades, que felizmente ainda mantenho, no basquetebol e na faculdade (educação física). Isto contribuiu para criar a ideia que as amizades no meio desportivo são mais “saudáveis”. E também esta a mensagem que procuro transmitir-lhes.

  1. Como te procuras relacionar com os teus atletas? É difícil gerir o facto de seres treinadora, trabalhadora, mas também uma amiga?

R- Não posso dizer que seja fácil. Há dias em que chego a casa com a sensação que estive a falar para as paredes. Passo os dias a lidar com jovens, na escola e no clube, e nem sempre consigo transmitir os conhecimentos e os valores que quero. Mas a minha persistência e lealdade aos meus princípios não me deixam desistir. Sei que por vezes, questionam-se sobre a minha amizade para com elas, pois são tantos os “puxões” de orelhas. Mas à medida que o tempo tem passado julgo que compreendem, cada vez melhor, que dentro do campo sou treinadora, dura e exigente, mas que fora dele sou, principalmente, amiga e que podem contar comigo, sempre!

  1.  Que pensas da tua atividade como treinadora?

R- Em primeiro lugar, julgo que tenho evoluído bastante nos últimos anos. A minha passagem pelas seleções distritais e, posteriormente, a minha entrada no CAD em muito contribuíram para isso. Nas seleções tive a oportunidade de participar em algumas formações e reuniões, com treinadores bastante qualificados, que me permitiram atualizar e aumentar os conhecimentos. No CAD, com a ótima relação que mantenho com a maioria dos treinadores, ainda mais. Tenho de realçar, a enorme ajuda do Nuno Rebelo que desde o primeiro dia que se mostrou disponível para me apoiar, que partilhou muita informação comigo e, principalmente, nos momentos em que sentia que estava a desistir me motivou e ajudou a trabalhar mais e melhor.

  1. Em relação ao teu futuro como treinadora tens objetivos de carreira?

R- A maioria dos treinadores ambicionam chegar ao escalão sénior, o que não acontece comigo. Atualmente, continuo a gostar de trabalhar com a formação. Ver os miúdos a evoluir e a incutir-lhes o gosto pelo basquete. Quem sabe um dia….

  1. Qual a tua melhor recordação deste teu percurso como treinadora?

R- A melhor recordação como treinadora é ter participado numa Fase Final Nacional e ter conquistado o 3º lugar, num conjunto de seis equipas. Mas sei que também me ficará na memória, a conquista da Taça Distrital, esta época, no escalão de sub16 femininos pela emoção do jogo e pela importância que teve, naquela altura, para o CAD.

  1. Um sonho de futuro?

R- Sem dúvida, conquistar um título nacional num escalão de formação. Para ser perfeito, gostaria que fosse com as minhas atletas do CAD.

  1. Para terminar, lembraste de algum conselho dado por alguém (pais, treinador, colega, dirigente, etc.) que aches importante deixar aos jogadores que se estão a iniciar nesta modalidade?

R- Não me recordo de nenhum conselho em particular. Mas lembro-me que durante muitos anos questionei-me sobre o motivo do meu treinador me “chatear” para me esforçar sempre mais. Mais tarde entendi que sempre o fez porque acreditava em mim e sabia que poderia dar mais e melhor. Por isso, aos jovens atletas aconselho a ouvirem e compreenderem os vossos treinadores. Se vos “puxam” as orelhas não é por não gostarem de vocês, mas porque acreditem.

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