JOVENS DE ONTEM E DE HOJE

19-11-2010 10:57

 Fernando Lucas ( Nito)

São muitas as vezes que falando entre companheiros do desporto se afirma que os jovens de hoje não têm o “valor” dos de antigamente, têm tudo dizemos nós, agarram-se demais à playstation e ao sofá, se bem que eu acho haver aqui uma realidade incontestável e que os nossos jovens tem mais solicitações e possibilidades de actividades que na minha geração não existiam, disso não há duvida.

 

Contudo há pouco tempo dei por mim a ler um texto de San Payo Araújo pessoa que muito estimo, onde cita o médico inglês Ronald Gibson, que falando sobre o conflito das gerações, começou uma conferência citando quatro frases:

1ª “A nossa juventude adora o luxo, é mal-educada, põe em causa a autoridade e não tem o menor respeito pelos mais velhos. Os nossos filhos hoje são verdadeiros tiranos, não se levantam quando uma pessoa idosa entra, respondem a seus pais e são simplesmente maus."

2ª “Não tenho esperança no futuro do nosso país se a juventude de hoje tomar o poder amanhã, porque essa juventude é insuportável, desenfreada, simplesmente horrível."

3ª "O nosso mundo atingiu seu ponto crítico... Os filhos não ouvem mais seus pais. O fim do mundo não pode estar muito longe."

4ª "Esta juventude está estragada até o fundo do coração. Os jovens são malfeitores e preguiçosos. Eles jamais serão como a juventude de antigamente. A juventude de hoje não será capaz de manter a nossa cultura."

Após ter lido as quatro citações o referido conferencista ficou satisfeito com a aprovação, que a audiência deu às citações e revelou, então, a sua origem:

A primeira é de Sócrates (470-399 a.C.);

A segunda é de Hesíodo (720 a.C.);

A terceira é de um sacerdote do ano 2000 a.C.;

A quarta estava escrita num vaso de argila descoberto nas ruínas da Babilónia, e tem mais de 4000 anos de existência.

Ora, após ler este texto dei por mim a pensar que seguramente estou errado a insistir nestes argumentos para tentar justificar a falta de empenho e de evolução dos jovens.

 

Reflecti um pouco e cheguei à conclusão que os diagnósticos mais ouvidos e tenho participado aqui e ali por muitas vezes já os ouvia há 10, 15 anos, então será que as gerações desde sempre têm sido más? E nos países de referência do basquetebol foram todas boas?

 

Será que o facto de sermos um país de brandos costumes afecta também a nossa forma de estar no desporto?

 

É verdade que hoje temos melhores condições de trabalho apesar de muito estar por fazer.

 

Estou então sem saber o que pensar, contudo sinto que o gosto o prazer de jogar basquetebol, tem diferenças, é difícil marcar treinos bi-diários nas férias, é difícil marcar 4, 5 treinos por semana, talvez as prioridades sejam um problema.

 

Num mundo onde o valor e a prioridade fundamental são o dinheiro, tudo gira em volta dele, na escola, nas actividades extras, numa altura em que a verdadeira crise não é de dinheiro, mas de valores, resta-me fazer um apelo aos pais aos treinadores e a todos os agentes que interferem no nosso desporto.

 

Aos pais que entendam que o desporto é fundamental, e que a dedicação a concentração e o empenho são tão importantes no desporto como em qualquer outra actividade, ajudando-os a serem melhores homens e mulheres no futuro. No desporto aprende-se a lidar com a competição, com vitória e derrota, no nosso caso do nosso desporto a depender e a ajudar companheiros, é por isso e na minha opinião um espaço privilegiado de aprendizagens, ora se o desporto for encarado como um mero passar de tempo nada do que foi dito surge.

 

Aos treinadores e outros agentes vamos encarar estes jovens sem questões e preconceitos prévios, tentando assim fazer a diferença todos os dias, a começar obviamente por mim acreditando muitos assim o façam, peço desculpa pela presunção deste apelo.

 

Aos jovens acreditem que podem ser melhores todos os dias, acreditem que a primeira pessoa com quem devem competir é convosco.

 

Grande abraço

Nito

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