"Gosto pelo basquetebol"

24-05-2011 14:35

 

    Ana Prata Machado      -  Treinadora MiniBasquete do CAD Ass coimbra Basquete

 

 

Escrever um texto de opinião para a página do clube foi o desafio que me colocaram, de imediato aceitei com imenso agrado. 

 

Falar da minha ligação a este clube implica inevitavelmente falar do extinto ClubePt.

Como muitos outros jovens também eu cheguei a Coimbra para ingressar na Universidade. Num momento difícil de adaptação a uma cidade desconhecida, a uma realidade de ensino diferente, rapidamente senti que a forma de facilitar a minha integração era continuar a praticar Basquetebol,  modalidade á qual estou ligada há nove anos, quer como praticante quer como treinadora. Por isso contactei o ClubePt onde viria a treinar e onde encontrei pessoas com uma hospitalidade e disponibilidade que marcarão para sempre as recordações da minha chegada.

 

            Um ano passou e agora, mais esclarecida acerca da realidade da associação de basquetebol de Coimbra, senti que estava na altura de abdicar do clube onde iniciei a minha ligação à modalidade como jogadora e mais tarde como treinadora (Club Camões) e procurar uma outra equipa nesta associação. A oportunidade de ingressar no CAD surgiu e, permitam-me que, de um modo muito particular, agradeça ao Sr. José Pedro, porque se hoje faço parte deste clube, a ele o devo. Nunca esquecerei o apoio que me deu na minha integração.

 

            Em comum com todos os que fazem parte desta equipa tenho o gosto pelo basquetebol, particularmente pelo MINIbasquete.

 

Ensinar minibasquete é, primeiramente, permitir que este seja para todas as crianças e estimular o gosto pela modalidade. Mais do que “fabricar” vencedores tentamos fazer crescer as crianças não apenas na vertente desportiva como também na vertente humana. Nesta idade de aprendizagem, é importante incutir regras, capacidade de trabalho em grupo, esforço individual, capacidade de tomar decisões. Sabemos que nem todos os praticantes chegam à excelência vindo a ingressar nas selecções, esta é uma realidade mas, quando existe o gosto pela modalidade haverá sempre uma forma de estar ligado. É esta dinâmica que sustenta os clubes e as associações.

 

 O nosso grande desafio, como treinadores de minibasquete, é chegar ao fim com crianças esclarecidas, com vontade de continuar para que, com a ajuda dos pais, no momento de decidir entre as diferentes modalidades, optem pelo basquetebol.

  

É este o caminho que treinadores e dirigentes do CAD trilham com envolvimento dos pais, que considero imprescindível para o êxito da modalidade e da instituição. Sem eles não há minibasquete.

 

Enquanto clube a dar os primeiros passos, mas com consistência, são hoje grandes os desafios que se colocam mas, considero que serão facilmente superados com o envolvimento de dirigentes, atletas, pais e treinadores.  

 

Termino com uma interrogação:

 

“Como explicar-te o que é amor, se nunca vestiste a camisola do teu clube;

Como explicar-te o que é a dor, se tiveste o azar de falhar uma bandeja;

Como explicar-te o que é o prazer, se nunca ganhaste um clássico;

Como explicar-te o que é chorar, se jamais perdeste um jogo no último segundo com uma falta duvidosa;

Como explicar-te o que é o carinho, se nunca acarinhaste a bola laranja com a ponta dos dedos para deixar suavemente numa bandeja;

Como explicar-te o que é solidariedade, se jamais fizeste uma ajuda na defesa individual;

Como explicar-te o que é a poesia, se nunca provocaste faltas, nem foste de provocar incertezas nos teus adversários;

Como explicar-te o que é amizade se nunca deste uma assistência;

Como explicar-te o que é pânico, se nunca empataste um jogo que estavas a ganhar por 20 pontos;

Como explicar-te o que é “morrer um pouco” se nunca perdeste uma final;

Como explicar-te o que é incentivar, se nunca jogaste em equipa;

Como explicar-te o que é solidão, se nunca estiveste na linha do lance-livre, sem tempo de jogo e a perder por um ponto;

Como explicar-te o que é esforço, se nunca chegaste ao teu limite num treino;

Como explicar-te o que é egoísmo se nunca lançaste quando tinhas de passar a um companheiro em melhor posição;

Como explicar-te o que é arte se nunca inventaste uma assistência de luxo;

Como explicar-te o que é musica se jamais cantaste incentivando os teus companheiros;

Como explicar-te o que é injustiça se nunca roubaram-te uma partida com um árbitro arrogante;

Como explicar-te o que é insónia se nunca jogaste com limitações;

Como explicar-te o que é o ódio se nunca perdeste a bola que decidiu o jogo;

 

Como explicar o que é o basquetebol……?”

 

Real, F. & Monjas, R. (2010). La enseñanza del minibasket. Porto.

 

 

 

 

—————

Voltar